Diabetes,
especialmente o tipo 2, infelizmente quase nunca tem sintoma. Sim,
infelizmente! Porque a falta de sintoma é um dos motivos para que o DM2 fique
em segundo plano. Se você tem uma dor de cabeça bem forte, dessas de enlouquecer,
você vai fazer de tudo para melhorar. Mas se a glicemia está constantemente em
200/220 mg/dl e você não sente nada – até diz que “se sente melhor assim” –,
para quê se tratar?
É
aí que mora o perigo. Como já disse aqui, quem tem diabetes não é doente, mas
se a glicemia fica constantemente elevada causa estragos sérios. São as tais
complicações crônicas. O pior é que, por desconhecimento ou descaso, muitas pessoas
só apresentam algum sintoma quando já têm uma complicação instalada.
Se
a glicemia está alta, esse açúcar em excesso traz danos para os vasos sanguíneos
(artérias e veias). Por isso as principais complicações do diabetes são
divididas em MICROvasculares e MACROvasculares. Hoje, falaremos aqui das
microvasculares, ou seja, aquelas que têm origem em danos nos pequenos (micro)
vasos, tão ou mais finos do que fios de cabelo.
São
três os tipos principais de complicações microvasculares:
- · Retinopatia: lesão degenerativa da retina, que pode levar à cegueira se não detectada precocemente. O risco é maior na presença também de hipertensão e colesterol elevado. Lembrando que a incidência de glaucoma e catarata é maior nas pessoas com diabetes.
- Nefropatia: lesão nos vasos dos rins, órgãos responsáveis por filtrar o sangue para remoção de resíduos. A hiperglicemia continuada gera sobrecarga e afeta a capacidade de filtragem. Hipertensão e cigarro agravam o quadro.
- Neuropatia: degeneração progressiva das fibras nervosas por conta do excesso de açúcar na circulação. Os nervos ficam incapazes de transmitir mensagens corretamente.
O diabetes mal controlado pode causar também problemas dentários,
dermatológicos, genitais, articulares e até depressão. Sem falar nas doenças do
coração.
Mas vale insistir: diabetes MAL CONTROLADO. Plano alimentar,
atividade física, monitorização da glicemia e medicação adequada, além de
exames médicos regulares, são ferramentas para controlar o diabetes e mandar
para longe essas “doenças” que a hiperglicemia pode causar.
E, de novo: é preciso vencer a vergonha, o medo e o
preconceito. Tomar as rédeas da sua saúde, do seu tratamento. Enquanto as
pessoas com DM2 ficarem nos seus cantos menosprezando sintomas e escondendo angústias,
essas comorbidades aí de cima vão continuar assombrando.
Sair do armário é fundamental!
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