Já falamos um pouco aqui sobre as diferenças entre os tipos
principais de diabetes. Uma dúvida sempre surge: por que o diabetes tipo 2 às
vezes pode ser tratado apenas com medicação oral? Significa que é um diabetes “mais
fraco”? NADA DISSO. Diabetes ruim é aquele mal controlado, seja tipo 1 ou 2.
Acontece que o diabetes tipo 1 se dá exclusivamente por deficiência de insulina. Logo, o tratamento se
dá exclusivamente com o uso de injeções
para reposição de insulina.
Já no caso do tipo 2 a coisa é um pouco mais complexa. O DM2
é uma doença multifatorial, ou seja, causada por diversos problemas (“defeitos”
do organismo) que acontecem ao mesmo tempo, com diferenças de intensidade.
·
Deficiência
parcial – não total – na produção e liberação de insulina pelo pâncreas.
· Excesso
de liberação de glicose pelo fígado. Existe um mecanismo hepático que
impede o colapso do corpo na falta de comida. No fígado ficam armazenados
“pacotinhos” de glicose (na forma de glicogênio) que são liberados nos momentos
de jejum, para manter a glicemia estável, alimentando o cérebro e levando
energia para garantir as funções do organismo mesmo nos períodos sem alimento.
Se esse mecanismo não funcionar adequadamente, se o fígado ficar meio doido e liberar
mais glicose do que deveria, vem a hiperglicemia. Por isso às vezes mesmo quando
você está sem comer há um tempão sua glicemia fica alta.
·
Resistência à insulina, que significa captação reduzida de glicose pelos
tecidos periféricos (incluindo músculos e tecido gorduroso). A insulina
está lá, às vezes até em quantidade bem elevada, mas não funciona direito. Isso
se dá principalmente por uma redução no número de receptores celulares de
insulina, que seriam as “portas” que fazem a insulina entrar na célula
carregando a glicose. Se essas “portas” não se abrem, a insulina – mesmo
presente – não consegue levar a glicose do sangue para as células. Daí sobra
mais glicose no sangue do que deveria.
·
Déficit na liberação de incretinas, substâncias
produzidas no intestino responsáveis por ajudar a regular a secreção de insulina
e a absorção de glicose.
·
Falha no sistema renal responsável pela eliminação
(excreção) da glicose.
Mas por que você precisa saber tudo isso? Porque só assim dá
para entender a razão de ser preciso tomar tanto remédio para o DM2. Cada
medicamento usado para controlar a glicemia combate especificamente um, no máximo dois desses defeitos. Isso
explica também porque cada remédio deve ser tomado em um horário específico.
E mais: o seu
diabetes é diferente do diabetes do seu vizinho. Aquele remedinho novo, que
está funcionando às maravilhas para ele, muito provavelmente não funcionará
para você. O médico vai seguir critérios clínicos para determinar quais
medicamentos são indicados para você,
em quais dosagens.
E a insulina? É um dos medicamentos usados para controlar a
glicemia no DM2, com a função de corrigir aquele primeiro defeito que eu citei
lá em cima, exatamente a deficiência de produção do hormônio pelo pâncreas. Mas
isso é assunto para outras conversas.
Gostaria de saber se procede a informação, a de que o medicamento Daonil “glibenclamida” faz o pâncreas trabalhar muito, e como ele é forçado a muito trabalho, em 2 ou 3 anos se o pâncreas ainda estiver produzindo insulina ele simplesmente para de FUNCIONAR, E NÃO PRODUZ MAIS A INSULINA.
ResponderExcluirAntecipadamente agradeço o retorno