Qual a glicemia ideal? Quer dizer, você já sabe que diabetes
significa excesso de açúcar no sangue, ou seja, glicemia alta. Mas quanto é
isso? Quando começa o risco?
Dois grandes estudos epidemiológicos da década de 1990 --
UKPDS (United Kingdon Prospective Diabetes Study) e o DCCT (The Diabetes and
Complications Trial) – comprovaram que quanto melhor o controle da glicemia,
menor o risco das chamadas complicações crônicas do diabetes. E a partir deles
os médicos definiram metas de tratamento, ou seja, como deve ficar a glicemia
de quem tem diabetes para manter-se saudável.
Aqui eu reforço uma das minhas principais crenças: uma
pessoa com diabetes NÃO É DOENTE. Com o tratamento e o controle adequado, pode
ser TÃO ou MAIS saudável quanto alguém sem diabetes. Doença é o que o diabetes
pode causar se não for controlado (tema
para outro post)
Mas voltando ao assunto de hoje. As metas de tratamento.
Vejam a tabela abaixo:
Lembrando que a medida após a refeição deve ser feita 2
horas depois do início da refeição (primeira garfada).
Saber como andam esses números não serve para deixar você
contente ou frustrado. Pouco adianta medir a glicemia apenas em jejum e muito
de vez em quando. Porque, como já foi dito aqui, o resultado que aparece no aparelhinho
de glicemia mostra a taxa de açúcar no sangue naquele exato momento, como numa
fotografia. Pode ser, por exemplo, que sua glicemia de jejum esteja dentro da
meta, mas depois do café da manhã suba uma barbaridade.
Como saber? As pessoas com diabetes tipo 1 têm costume de monitorar
a glicemia várias vezes ao dia, porque é a partir dessa monitorização (no
sistema de tratamento intensivo) que é definida a dose de insulina a ser
aplicada. No DM2, isso não acontece – ou acontece raramente. É um dos aspectos
em que o DM2 é desassistido. É uma falha na atenção/orientação dada a quem tem
diabetes tipo 2.
A monitorização da glicemia é a melhor ferramenta de
autoconhecimento no diabetes. Só a partir da monitorização você sabe se o pão
de queijo faz subir mais a sua glicemia do que o pão francês. Ou vice-versa. Ou
qual o tamanho da fatia de melancia você pode comer sem causar um estrago.
A monitorização doméstica é simples. Os glicosímetros (monitores
de glicemia capilar) são fáceis de usar e não têm muito segredo. Ok, há o
problema do preço e do fornecimento de fitas para medição de glicemia. No
serviço público, só são distribuídas gratuitamente para quem usa insulina
(inclusive com diabetes tipo 2). Mas você pode fazer um plano de monitorização.
Converse com o seu médico e/ou a equipe que atende você. Não precisa medir todo
dia, não precisa medir toda hora. Mas programe-se para fazer um dia em jejum,
no outro dia antes e depois do almoço. No outro, antes e depois do jantar. E
por aí vai. São apenas exemplos.
Mesmo que você ainda não tenha um plano, tente fazer algumas
experiências. Você vai se surpreender com os resultados e vai perceber como
isso ajuda a entender o funcionamento do seu organismo em determinadas
situações.
Lembre-se: acima de 180 mg/dl tem-se a chamada hiperglicemia, que é uma definição acadêmica
sim, mas baseada em estudos que mostram ser esse o patamar a partir do qual os
efeitos maléficos da glicose no sangue começam a acontecer. Ou seja, é a partir
daí que a porca começa a torcer o rabo.
Hoje, sabe-se que glicemias elevadas ou muito baixas (picos
e vales), se eventuais, não são o problema. Reforçando: SE EVENTUAIS. O importante é manter a glicemia dentro do
alvo o maior tempo possível. Quanto mais tempo na meta, menor o risco de
complicações.
Você não tem bola de cristal. E glicemia alta nem sempre – ou
quase nunca – traz sintomas. Por isso a monitorização é tão fundamental. Vamos
furar o dedo?
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