Hoje vou falar sobre meu assunto predileto: atividade
física. Sou apaixonada pela prática e uma entusiasta do uso do movimento como
ferramenta de saúde e bem-estar.
Mas não vou ficar aqui discorrendo sobre todos os benefícios
da prática regular de exercícios. Até porque acredito que não haja ninguém que
conteste essas evidências já tão difundidas.
O que eu quero é mostrar porque a atividade física e o
estilo de vida ativo são reconhecidamente pilares do tratamento do diabetes. Especialmente
para o DM2. E não é de hoje. O médico indiano Maharshi Sushruta, um dos
fundadores da tradicional medicina Ayurveda, lá pelos anos 600-400 a.C já
preconizava o uso do exercício como tratamento do diabetes.
Passaram-se 2.500 anos e hoje a ciência sabe como a
atividade física pode contribuir para controlar a glicose sanguínea.
Os efeito agudos (imediatos) do exercício sobre a glicemia
são:
·
Maior captação de glicose pelos músculos durante
a atividade. Inclusive independente de insulina! Isso mesmo: as células
musculares possuem estruturas (proteínas transportadoras de glicose) capazes
de, na presença da contração muscular, trazer a glicose para dentro da célula.
·
Maior captação de glicose depois da atividade.
Sim, a absorção de açúcar pelas células permanece elevada de 24 a 48 depois de
terminado o exercício. Isso porque o organismo precisa repor os estoques de
glicogênio (que é a forma como a glicose é armazenada), tanto no tecido
muscular quanto no fígado.
Duvida? Faça um teste de glicemia capilar antes e depois de
uma sessão de atividade física. Pode ser uma caminhada ou um treino leve de
musculação. Repita algumas horas depois e compare com os dias em que você
apenas ficou sentado na frente do computador....
Mas melhor ainda do que a ação imediata da atividade física é
o seu principal efeito crônico, ou seja, aquele resultante da prática regular: o aumento da sensibilidade à insulina.
Já falei aqui (veja em Não é pouca coisa
https://bit.ly/2kUfztP)
que uma das principais características do diabetes tipo 2 é a resistência à
insulina, que se dá principalmente pela redução nas células do número de
receptores do hormônio produzido pelo pâncreas. Pois bem, a atividade física
regular aumenta o número desses receptores, reduzindo a resistência. Sabe o que
isso quer dizer? Que para o DM2 exercício
é remédio! Isso sem contar os benefícios para o coração, o maior afetado
pela glicemia descontrolada.
Motivos não faltam para levar para a rua ou à academia todos
os que têm diabetes tipo 2. Mas a realidade não é animadora. Se o sedentarismo
é alarmante em toda a população, entre as pessoas com diabetes a inatividade é
ainda maior.
Vou falar muito ainda por aqui sobre atividade física –
modalidades, benefícios, cuidados, indicações, o que fazer, como fazer.
Mas se você ainda é do time do sofá, não precisa esperar por
novos textos. Que tal tentar incorporar movimento ao seu dia a dia? Suba
escadas, pare o carro em um local mais distante, desça do ônibus um ponto
antes, vá a pé! Pense no seu cotidiano e veja como torná-lo mais ativo. A
Organização Mundial da Saúde preconiza 30 minutos diários de atividade física,
contínuos ou não, a maioria dos dias da semana. Para começar, nem precisa
tanto: planeje 5 ou 10 minutos de movimento por dia e vá evoluindo aos poucos.
Lembre-se: exercício é remédio. Não deixe de tomar a sua
dose.
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