A relação entre o consumo de suplementos de ômega 3 e as
doenças cardiovasculares foi alvo de uma meta-análise publicada recentemente no
Jama Cardiology, uma importante revista científica internacional. Meta-análise
é um estudo de grande porte, que analisa diversas pesquisas sobre o mesmo
assunto. Nesse caso, foram compilados 10 ensaios clínicos envolvendo quase 78
mil pacientes de todo o mundo, acompanhados em média por mais de 4 anos.
O resultado surpreendeu: a suplementação de ômega-3 (origem
marinha) de nada serviu no sentido de prevenir o desenvolvimento de doenças do
coração. Não houve redução significativa em mortes por doença coronariana,
infartos não fatais ou qualquer evento cardiovascular, tanto na população em
geral como nos subgrupos avaliados – incluindo pacientes de risco, como pessoas
com antecedentes de doença cardíaca, diabetes e dislipidemia.
O ômega 3 é um ácido graxo essencial poli-insaturado. Ou
seja, é uma molécula de gordura que o organismo não é capaz de produzir e que
pertence à classe dos poliinsaturados, considerados benéficos para a saúde em
geral, em especial do sistema cardiovascular. Isso principalmente por seu poder
anti-inflamatório. Está presente principalmente em peixes como salmão, sardinha
e atum. Também na linhaça, na chia e nas nozes.
Há tempos as pesquisas mostram os benefícios do ômega-3 para
os vasos sanguíneos. Afinal, esse ácido graxo é um dos elementos-chave da
chamada Dieta Mediterrânea, por si só capaz de reduzir em 30% o risco
cardiovascular. Mais: a simples substituição parcial das gorduras de origem
animal pelas poli-insaturadas diminui o risco em 17%.
Tudo estava errado então? Não! O que esse estudo mostra é
que a suplementação de ômega-3 traz pouco
ou nenhum resultado. Não o ômega-3 em si. Aí está a chave: não basta tomar um
comprimido com o tal ingrediente milagroso, especialmente se você não abrir mão
do consumo regular de picanha, presunto, manteiga, leite integral, por exemplo.
É preciso mudar o estilo de alimentação. O ômega-3 consegue atuar e trazer
benefícios dentro de uma dieta ao estilo da Mediterrânea ou similar, ou seja, caracterizada
por um maior ingestão de legumes, frutas, grãos, nozes e pouco consumo de carne
vermelha, leite, ovos e queijos.
Difícil? Com certeza. Mas longe de ser inviável. Uma dica:
imponha-se algumas metas. Pode ser comer mais legumes, trocar a carne por peixe
pelo menos 2 vezes na semana, substituir o biscoitinho do lanche da tarde por
um pacote de nozes e amêndoas. Depois reduza o consumo de embutidos, opte por
carnes mais magras e por aí vai. Aos poucos acostume seu corpo a novos padrões
alimentares.
Experimente!
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