Primeiro porque problema no diabetes são as complicações que
podem ser causadas pela glicemia continuamente elevada. Complicações que podem
matar ou tirar muito da qualidade de vida do indivíduo.
Segundo grande equívoco: o açúcar NÃO É PROIBIDO para quem
tem diabetes. Mas não é o açúcar que faz a glicemia subir? Sim, a sacarose
(nome “oficial” do açúcar de mesa) é um carboidrato simples que, portanto, tem
reflexo rápido na glicemia. Porém, os alimentos que contêm açúcar aumentam a
glicemia tanto quanto outros carboidratos, quando ingeridos em quantidade
equivalente. Por isso, podem ser inseridos “no contexto de uma alimentação
saudável”, como bem pontua a Nota
Técnica nº 01/2017 publicada pelo Departamento de Nutrição da Sociedade
Brasileira de Diabetes.
Pois é, a chave
dessa recomendação está na alimentação saudável. Isso porque açúcar em excesso
não é bom para a saúde. Simples assim. Não dá para abusar do consumo de doces. E
esse é um cuidado que serve para todos, com ou sem diabetes.
A Organização Mundial da Saúde
recomenda PARA TODA A POPULAÇÃO que o consumo de sacarose não ultrapasse 5% do
total diário de calorias consumidas.
Como cada grama de
açúcar tem 4 calorias, em um plano alimentar de 2000 kcal, por exemplo, o
consumo ideal seria de 25g. O equivalente a 5 saquinhos daqueles disponíveis em
cafeterias e lanchonetes.
É bem fácil
extrapolar o recomendado. Uma latinha de refrigerante (350ml), por exemplo, chega
a ter 40g de açúcar, superando sozinha a meta diária ideal. Se uma “inocente”
colher de catchup tem 4g de sacarose, imagine aquele brigadeiro de colher!
Lembrando que a recomendação da OMS – bem como a Nota Técnica da SBD e as diretrizes
da entidade para 2017-2018 – visa limitar também o consumo de açúcares ocultos em alimentos
industrializados.
Como saber quanto de
sacarose tem na bolachinha recheada? O rótulo quase nunca traz a informação,
mas se o açúcar for o primeiro item da lista dos ingredientes é porque está
presente em grande quantidade. Melhor evitar ou pelo menos maneirar. Por causa
do diabetes? Não, pela saúde em geral!
Sim, é
preciso controlar quantidades, tendo ou não diabetes. Não é saudável “cair de
boca” no pote de sorvete nem comer o bolo inteiro.
Vale
ressaltar que o menor consumo de sacarose pela indústria alimentícia não
significa migrar integralmente para os edulcorantes (adoçantes artificiais) e
outros aditivos. Diz a Sociedade Brasileira de Diabetes: “A preferência por
alimentos in natura e produtos minimamente processados, além da moderação no
consumo de alimentos processados e ultraprocessados, devem ser priorizadas por
toda a população, com ou sem diabetes”.
Viu? Mais uma vez
ressalta-se o fato de que o plano alimentar para o diabetes não deve ser
diferente.
Gosto de insistir nesse ponto porque acredito que a disseminação
dessa verdade é fundamental para reduzir o estigma que ronda o DM2. Ter
diabetes não significa comer diferente, não significa ter privações, não
significa ser vítima. E não se enxergar como vítima traz empoderamento, o que
leva ao autocuidado. E autocuidado traz saúde."Simples" assim!
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