No último post, começamos a falar sobre o pé diabético. O
assunto pode render muitos e muitos textos, tanto pela relevância como pela
diversidade de aspectos que o envolvem.
Hoje, porém, quero falar sobre o aspecto mais pessoal,
individual. Ou seja: o que cada pessoa com diabetes tipo 2 pode fazer para manter
os seus pés a salvo.
Claro que ter a glicemia sob controle reduz o risco: uma
queda de 40% na incidência de neuropatia, a complicação que afeta os nervos e leva
à perda de sensibilidade, um dos tripés da síndrome do pé diabético. Foi o que
mostrou o UKPDS (United Kingdon Prospective Diabetes
Study), um dos mais importantes estudos da área.
Mas prevenir o pé diabético – e suas consequências – vai mais
além. É um cuidado diário, contínuo. E está ao alcance de todos.
Vamos lá? A primeira providência: no banho, lembre-se de
lavar os pés. Sim, aquela água que escorre do chuveiro não basta para limpar.
Lave cuidadosamente com sabonete não abrasivo. Depois, seque muito, muito bem,
especialmente entre os dedos. E hidrate – mas lembre-se de não passar o creme
entre os dedos, área propícia a micoses (frieiras).
Além disso:
- Examine meias e sapatos antes de usar.
- Use meias de algodão, sem costuras.
- Use sapatos confortáveis. Evite bico fino, salto alto, tiras ou partes de metal em contato com a pele.
- Mantenha as unhas com corte reto.
Agora, o mais importante: examine os próprios pés, todos os dias! O que procurar? Micoses,
escoriações, úlceras, rachaduras, calosidades, mudanças de cor ou temperatura.
Ou seja, qualquer coisa fora do normal. Notou alguma anormalidade? Não tente
“consertar”: nada de furar bolhas, retirar calos ou verrugas, mexer nos
“cantinhos” da unha, passar lixa na rachadura, tratar a micose com aquele
remédio que deu "super certo" para o vizinho. Converse com seu médico ou
profissional de saúde, para que o problema seja tratado adequadamente.
E por falar em profissional de saúde: peça ao seu médico
para examinar seus pés ou indicar alguém da equipe de atendimento. Existem
testes para avaliar a sensibilidade (diapasão e monofilamento) e a
vascularização (palpação dos pulsos) dos pés. São procedimentos simples, que
podem evitar problemas bem complicados.
Caso você já tenha algum grau de neuropatia periférica, com
alguma perda de sensibilidade e de vascularização, é preciso redobrar esses
cuidados, para evitar o surgimento de úlceras. E, claro, controlar a glicemia
para impedir o agravamento do problema.
Vale lembrar que a presença de neuropatia periférica NÃO
IMPEDE a prática de atividade física. É possível fazer uma caminhada leve e não
muito prolongada, exercícios na água, na bicicleta (comum ou estacionária),
musculação, ioga, pilates etc., sempre com o cuidado de não haver pressão
excessiva sobre os pés. A atividade física é fundamental não apenas para
controlar a glicemia, mas para manter a saúde cardiovascular, melhorando o
fluxo sanguíneo para os membros inferiores. Mais: o exercício garante a saúde
das articulações, o que também é fundamental para prevenir que a síndrome do pé
diabético aconteça ou progrida. Pouca flexibilidade nos tornozelos e nos dedos
afeta a habilidade do pé de distribuir a pressão e o estresse, o que aumenta o
risco de lesões.
Viu? Seus pés só precisam de um pouco de carinho e atenção.
Cuide bem deles
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