Semana passada, a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância
Sanitária) publicou a Resolução RE 3161 com a lista dos glicosímetros
(aparelhos para medição de glicemia) que não estão de acordo com os requisitos
técnicos estabelecidos pela Instrução Normativa número 24 (publicada em maio
último). Ou seja, os aparelhos da lista não são precisos e devem ser retirados
do mercado imediatamente (você pode conferir a lista no final do post).
A ação da ANVISA é resultado do trabalho da ADJ-Diabetes
Brasil, em parceria com a SBD (Sociedade Brasileira de Diabetes), para mudar
uma situação que traz risco potencial para as pessoas com diabetes em todo o
país.
Agora, é hora de exigir que a ANVISA de fato suspenda a
comercialização desses produtos, sem exceção, inclusive deixando-os fora dos
processos de licitação em todos os níveis (federal, estadual e municipal).
Cabe a cada um conferir se o glicosímetro que usa (comprou
ou foi fornecido pelo setor público) está na lista, brigar para conseguir um
aparelho melhor e, enquanto isso, ficar atento com as medições feitas (se
possível, fazer uma dupla checagem em caso de resultados extremos).
O que NÃO PODE ser feito? É usar a lista como desculpa para
não fazer a monitorização.
Sim, dá preguiça. A tira é cara. O dedo dói. E muitas vezes
você não sabe o que fazer com aquele número, que parece só servir para trazer
ansiedade. Mas veja bem: estudos mostram que o controle glicêmico é melhor nas pessoas que fazem mais
testes, mesmo no diabetes tipo 2. Mesmo no DM2 que não toma insulina. Mesmo
quando você não consegue tomar uma ação imediata para corrigir o que está
errado.
Monitorar a glicemia com frequência, como eu disse acima, traz
autoconhecimento. Você começa a perceber o que faz a glicemia subir, qual a
atividade física mais adequada para você, se a medicação está funcionando etc. Informações
preciosas para administrar o tratamento do diabetes e obter sucesso.
Não monitorar a glicemia é como fingir que o diabetes não
existe, é ignorar os riscos, é empurrar o problema com a barriga.
Se você ainda não aderiu à monitoração como PARTE
FUNDAMENTAL do seu tratamento, é hora de mudar. Procure saber se você tem
direito a receber aparelho e tiras de monitorização pelo estado ou município.
Se não, faça as contas e veja quantas tiras você consegue comprar por mês. Com
essas informações, procure seu médico e/ou equipe de saúde e monte um plano de
monitorização.
Em pouco tempo, você vai perceber que o glicosímetros não é
um inimigo e que os números que aparecem não são para dar susto ou medo. São
como uma bússola, que mostra o que pode ser corrigido para se atingir o caminho
do autocuidado.
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