Ser otimista faz bem para a saúde. Não é mito popular, é o
que diz a ciência: estudo publicado em setembro no periódico americano JAMA Network Open concluiu que ter uma
atitude otimista perante a vida reduz a ocorrência de eventos cardiovasculares
(como infarto e AVC) e a morte por todas as causas.
O estudo – realizado pela conceituada Icahn School of
Medicine do hospital Mount Sinai, de Nova York – é uma meta-análise, ou seja,
analisou dados de 15 pesquisas sobre o assunto, envolvendo perto de 230 mil
pacientes, acompanhados por em media 13,8 anos.
Os resultados são categóricos: otimismo diminui a ocorrência
de problemas do coração em nada menos do que 35%! E a redução do risco de morte
por todas as causas entre os mais animados é de 14%.
Segundo o líder da pesquisa, o dr. Alan Rozanski, os
resultados mostram que “o otimismo é também um importante fator de saúde que
ainda não foi bem estudado”. Jeff
Huffman, do Hospital Geral de
Massachusetts, em Boston, lembra que esses achados “são consistentes com uma
crescente e ampla literatura que mostra que o otimismo em particular e o
bem-estar psicológico em geral têm uma associação independente com os resultados
cardiovasculares e gerais da saúde”.
O que literatura científica ainda não conseguiu precisar é
qual mecanismo fisiológico ligaria diretamente uma atitude positiva a uma vida
mais saudável. Uma das hipóteses é que o otimismo seria capaz de reduzir o
estado inflamatório do organismo, estado esse comprovadamente associado ao
desenvolvimento de doenças.
Por ora, é possível afirmar que otimismo pode estar associado a melhores hábitos
de saúde, como a prática de atividade física e alimentação equilibrada.
Pessimistas em geral fumam mais, bebem mais e tendem a ser mais sedentários,
dizem os pesquisadores. Para o Dr. Rozanski, os dados são consistentes com as
evidências “de que os otimistas têm melhores habilidades para a vida e
mecanismos de enfrentamento, incluindo uma tendência maior a adotar
comportamentos pró-ativos que evitam problemas futuros. Os hábitos pró-ativos
de saúde parecem fazer parte disso. ”
O próximo passo
das pesquisas é descobrir se induzir otimismo (ou “tratar” o pessimismo) produz
benefícios semelhantes à saúde. "Estudos futuros devem procurar definir
melhor os mecanismos bio-comportamentais subjacentes a essa associação e
avaliar o benefício potencial de intervenções projetadas para promover otimismo
ou reduzir o pessimismo", afirmam os autores.
E o diabetes?
Claro que tudo que contei acima leva à conclusão de que
devemos ser otimistas. Quem tem diabetes, a rigor, deveria procurar mais ainda
essa atitude positiva, para evitar os riscos cardiovasculares.
Mas quem se percebe diariamente com uma condição crônica,
que exige tantos cuidados e preocupações, pode nem sempre conseguir manter o
otimismo. Como lidar com o chamado diabetes
distress, termo que descreve a angústia resultante do convívio com o
diabetes e o ônus da incansável autogestão (tema para outro post)?
Bem, volto aqui ao tema desse blog: sair do armário! Sim,
porque a primeira atitude positiva a ser tomada frente ao diabetes é assumir a
condição. É falar – sem vergonha, sem medo e sem preconceito – sobre todas as
preocupações, dificuldades, dúvidas. Leia Porque estou aqui e Estigma.
Não precisa ser feliz e otimista PORQUE tem diabetes. Mas dá
para ser feliz e otimista APESAR do diabetes.
Referência:
Rozansky A et al. Association of Optimism With
Cardiovascular Events and All-Cause Mortality: A Systematic Review and
Meta-analysis. JAMA Netw Open. 2019;2(9):e1912200.d Meta-analysis. JAMA Netw
Open. 2019;2(9):e1912200.
Nenhum comentário:
Postar um comentário