Com o ano de 2019 quase no fim, confesso que bateu aquela preguiça
de escrever por aqui. Mas exatamente por conta disso, comecei a pensar em um
dos mitos e pensamentos recorrentes dessa época de festas. Será mesmo que o
período de Natal e Réveillon, ao gerar tantas manifestações de fraternidade,
generosidade, gratidão etc. etc. , pode trazer depressão ou aumentar os casos
de episódios depressivos?
Segundo a ciência, existe sim um tal de “blues natalino”, que
é um tipo de transtorno afetivo sazonal. Uma parte da população do planeta
apresenta episódios depressivos recorrentes em determinada época do ano. Nada a
ver com quem não tolera Carnaval ou não gosta do próprio aniversário. Esses transtornos sazonais são de fato mais
comuns no final do ano. Detalhe: esse transtorno ocorre principalmente no
Hemisfério Norte, devido à redução da luz solar característica do período de
inverno, que provoca variações hormonais associadas à depressão. Claramente, não é um problema no Brasil, por
mais chuvosa que possa ser a chegada do Natal e Ano Novo.
Assim, fora os citados transtornos sazonais mais ligados a
invernos rigorosos, não há evidências de que as festas de final de ano levem
algumas pessoas à depressão. Até porque depressão é uma doença séria e crônica,
que normalmente leva meses ou mesmo anos para se instalar. O que ocorre em
geral é que a época, por representar um fechamento de ciclo e incitar a
reflexão sobre o ano transcorrido, pode trazer certa insatisfação, gerando
tristeza e melancolia.
Outros fatores fisiológicos podem estar associados a essas
sensações: comida em excesso, consumo de álcool (que tem intensa associação com
episódios depressivos), redução de sono e falta de exercício físico.
E o que isso tem a ver com diabetes? Tudo e mais um pouco.
Na hora da autocrítica com relação ao período que se encerra, é inevitável que
o diabetes esteja presente entre as preocupações, satisfações e angústias. Como
conduzi meu tratamento? Estou me cuidando adequadamente? Fiz tudo que estava ao
meu alcance? Essas são reflexões e questionamentos legítimos e essenciais, pois
levam ao crescimento e ao aprimoramento do autocuidado.
O que não vale é cair nas lamentações. “Sofrer” por ter
diabetes, por “se privar” de coisas nas festas, por se sentir “diferente”,
“amaldiçoado” ou coisa do gênero.
Claro que nessas horas não ajuda em nada aquela prima que
fala: “mas você pode comer isso?”. Ou a cunhada que, diante da mesa de doces,
traz um pedacinho de melão “especialmente para você”.
Sim, é uma época de excessos. Mas para todo mundo. E os cuidados que você deve ter com a alimentação são
os mesmos de todo mundo. Sim, nunca
é demais lembrar: os cuidados que você tem com o diabetes, especialmente no que
diz respeito à alimentação, são os
mesmos que TODOS deveriam ter.
Pode ser que você enfie o pé na jaca no Natal e talvez de
novo no Réveillon. Você e todos os outros. Mas pode ser também que exatamente por ter
diabetes você tenha mais consciência do que come, do que bebe e consiga se sair
melhor diante de tantos excessos anunciados.
Talvez por ter mais consciência da alimentação e de como isso interfere
na sua saúde você se saia melhor nessas festas de fim de ano. Não ganhe quilos
a mais. E até consiga comer aquele pedaço de pudim sem fazer um estrago na
glicemia.
O importante é não cair na onda do diabetes blues, não deixar que surja um desconforto ou angústia por
causa do diabetes. Também não vale confundir as coisas. Se a melancolia
aparecer, avalie se o problema está em outros lugares que não o diabetes.
No mais, FELIZ NATAL!
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